O afastamento da presidente Dilma Rousseff, em 2016, promovido pelo Congresso Nacional, vez por outra provoca discussões na cena política nacional e nas redes sociais. Para muitos, defensores da petista, um ‘golpe’ legislativo escancarado; para outros um rito natural diante dos excessos praticados pelo Governo.
Mas o impeachment também fez surgir outros ângulos para além do universo da política.
O advogado e doutor pela UFGG em Ciências Sociais , Rafael Maracajá, tentou reunir um pouco desse universo em suas pesquisas – resultando no livro “‘Impeachment e Misoginia nas Redes Sociais’, lançado recentemente em sua terceira edição.
Essa radiografia de cenário busca demonstrar essas relações entre os dois temas e aprofundar as reflexões sobre o papel das redes sociais e como elas têm sido utilizadas.
“Vivemos uma era em que o moralismo substitui o debate, a toga se confunde com o palanque e as redes sociais transformam o ódio em espetáculo”, comenta o pesquisador.
O livro aainda conecta as manifestações de 2013 ao surgimento de uma nova direita no Brasil, inaugurando ainda um método de análise das redes sociais que integra o online e o off-line, “mostrando como o digital e o real se entrelaçam na construção de verdades e violências”.
“Compreender o ontem é o primeiro passo para não repetir o amanhã. E pensar criticamente — mesmo quando o mundo tenta nos silenciar — é a forma mais radical e necessária de coragem”, assinalou o autor.
