A crise de saúde mental no Brasil atingiu um patamar alarmante. De acordo com reportagem do G1, em 2024, mais de 470 mil trabalhadores foram afastados devido a transtornos como ansiedade e depressão, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Os dados são do Ministério da Previdência Social.
Mas, afinal. O que podemos fazer para mudar este cenário preocupante?
Lembre-se: gentileza e empatia não custam nada, mas fazem toda a diferença. Tratar colegas com respeito e consideração pode evitar que um ambiente de trabalho se torne tóxico. Pequenos gestos, como um “bom dia” cordial, um elogio sincero ou um simples ato de escuta, podem transformar o dia de alguém. Agressividade, grosserias e gritarias não contribuem para a produtividade – pelo contrário, apenas ampliam o sofrimento daqueles que já estão fragilizados.
Por trás das estatísticas, há vidas sendo impactadas de forma irreversível. Pessoas que, muitas vezes, sofrem em silêncio, tentando cumprir suas obrigações enquanto lidam com a exaustão emocional. A pressão excessiva, o medo do desemprego, a sobrecarga de tarefas, o pavor de ter que lidar com colegas e patrões que cometem assédio moral, o medo do trânsito, do ônibus, de aglomerações.
Em casos mais graves, as pessoas ficam incapacitadas até de se levantarem da cama e sair de casa para ir ao trabalho e fazer as atividades do cotidiano. E isso não tem nada a ver com preguiça ou falta de força de vontade. Só quem já sentiu a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentar a ponto de achar que vai ter um infarto simplesmente por ter que sair de casa com destino a um ambiente tóxico ou que gera gatilhos sabe que não tem nada a ver com a preguiça.
Isso sem contar o sentimento de culpa e de frustração por não ser mais capaz de fazer coisas simples, como dirigir, pegar ônibus, andar por ruas lotadas, ir sozinho para um shopping num horário movimentado… Ou até mesmo um sentimento avassalador de apatia no qual hobbies, trabalhos e atividades que eram prazerosas parecem não fazer mais sentido algum.
E o pior: muitas vezes, a ansiedade e a depressão não se manifestam de forma visível. Seu colega ao lado pode estar enfrentando batalhas internas que você desconhece. Por isso, antes de levantar a voz, de humilhar ou de cobrar com rispidez, reflita: você gostaria de ser tratado dessa maneira?
Patrões e gestores têm um papel fundamental nessa mudança. Políticas de bem-estar, incentivo ao diálogo aberto, a compreensão de que trabalhadores não são máquinas e a disponibilização de psicólogos e psiquiatras são passos essenciais para reverter essa crise. Um ambiente de trabalho saudável beneficia a todos: empregados, empresas e a sociedade como um todo.